É, é bem possível, mas antes de mais nada preciso começar esse papo contextualizando você sobre como eu vim parar aqui na Itália, de onde nasceu essa vontade louca de sair do Brasil e de querer viver especificamente na Europa. Sim, porque sempre foi a Europa. Eu nunca tive vontade de morar nos EUA ou qualquer outro canto do mundo.
Quando eu era criança, me lembro da minha bisavó materna tocando castanholas e eu sonhava com o dia em que iria pra Espanha. Realizei esse sonho em 2017 quando fui à Barcelona. Minha bisa se foi muito antes disso e tampouco me lembro de qualquer outra coisa relacionada à sua família. É, eu disse que não existiam muitas memórias, não disse?!
Talvez essa tal vontade louca tenha nascido bem ali, ao som das castanholas…
Enquanto isso, do outro lado, a família do meu pai, descendente de italianos, sem nenhuma memória preservada e repassada aos mais novos. Não me lembro do meu avô, tampouco meu pai contando histórias de seus antepassados e hoje, isso me dói na alma. Onde foi que tudo se perdeu?! Cadê as tradições, a cultura, a memória…
Nem o time de futebol sobreviveu à tradição. Eu sou uma palmeirense no meio de um bando de loucos…
Então PERCHÉ a FUCKING ITÁLIA se você não se lembra de absolutamente nada que faça sentido e te “teletransporte” pra uma vida sonhada a partir de histórias contadas?!
Porque uma história pode começar a ser contada a partir de qualquer momento. Não é necessário gatilho algum.
Eu escolhi mudar a minha realidade, que era relativamente boa se vista de fora. Mas faltava algo a mais… faltava a justificativa de alguns comportamentos e de fato, saber mais da história que nunca foi contada. Faltava a sensação de ter algo maior pra contar e pra quem contar…
Nunca me considerei uma pessoa “das pessoas”. Não sou muito apegada à gente, nem à minha própria família… e de fato a Itália TRANSBORDA valores completamente opostos. Talvez, se essa memória tivesse sido preservada e repassada, eu teria me tornado uma pessoa diferente.
Mas o fato é: eu gostaria de ser uma pessoa diferente?!
Sim… senão eu não estaria na Itália! (…)
Vim maratonar às news e já tô emocionada!